por Karina Kuschnir
Texto escrito para divulgação da amamentação junto à imprensa durante a Semana Mundial de Amamentação de 2004.
Para muitas pessoas o modelo ideal da mulher moderna é aquela que sai de casa às 8 da manhã de tailleur, trabalha o dia inteiro, faz pós-graduação à noite e tem cinco cartões de crédito na bolsa. Essa mulher é o símbolo da conquista do mercado de trabalho, da independência financeira e dos méritos intelectuais. Segundo o ibge, as mulheres já superam os homens em número de anos de estudo em todas as faixas etárias. As trabalhadoras ocupam 40% do mercado de trabalho e conquistam cada vez mais profissões antes exclusivas dos homens.
Felizmente, essas conquistas trouxeram grandes oportunidades de realização para as mulheres. A liberdade e o desenvolvimento intelectual são direitos básicos! No entanto, algumas coisas se perderam pelo caminho. Em nome dessas mudanças, a sociedade sacrificou ou distorceu a busca por prazeres essenciais da vida, como os da maternidade desejada, do amadurecimento sem medo e da sexualidade sem culpas. A vivência plena dessas dimensões ainda é um direito a ser conquistado por todas nós, mulheres.O que a amamentação tem a ver com isso? Tudo!
Com a modernidade, dar mamadeira aos bebês ao invés do peito da mãe chegou a ser visto como sinônimo de liberdade e autonomia em relação às obrigações familiares e do lar. As indústrias de produtos para crianças (fabricantes de leite em pó, chupetas e mamadeiras, principalmente) aproveitaram para lucrar muito com isso! Quem saiu perdendo? Bebês, mães, famílias e até o nosso planeta. A sociedade foi desaprendendo o prazer e as vantagens da amamentação. Com isso, gerações inteiras deixaram de ter essa experiência e de aprender com ela para transmitir aos seus filhos e filhas. A recomendação da Organização Mundial de Saúde indica que a amamentação deveria ser exclusiva até o sexto mês de vida e complementada com outros alimentos até os dois anos ou mais, porque são incontáveis os benefícios físicos e emocionais da amamentação! No entanto, hoje, no Brasil, apenas 8% dos bebês mamam exclusivamente no peito até os seis meses de idade.
Estudos internacionais mostram que dar o leite de mãe poderia salvar milhões de bebês em todo o mundo. Amamentar é um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, e que, ainda por cima, tem custo zero. A amamentação fortalece os vínculos emocionais entre mãe, filhos(as) e família por meio do contato físico, compreensão mútua, convivência e auto-conhecimento, favorecendo a integração familiar. Amamentar previne inúmeras doenças em mães e bebês, além de estimular o desenvolvimento motor e das diversas formas de inteligência em ambos.
Isso já é muito! Mas amamentar é também um ato de cidadania, pois favorece a prática cotidiana da solidariedade e da afetividade, sentimentos essenciais para reconstituir os códigos de convivência e harmonia sociais. Por dispensar o consumo de produtos como mamadeiras, chupetas e leites artificiais, bem como a geração de detritos a estes associados em sua fabricação, uso e descarte, amamentar também é um ato ecológico, que permite a economia e preservação de fontes de energia (gás, eletricidade etc.), recursos naturais (água, florestas etc.) e tempo de trabalho.
Voltamos então à mulher moderna! Por que ela usufrui tão pouco a amamentação como um prazer? Amamentar não é um ato natural? É e não é. É tão “natural” quanto o sexo, por exemplo. Apesar de todos sabermos como funciona, nem sempre conseguimos vivê-lo com deleite. Cada pessoa tem o seu jeito, cada parceria tem o seu ritmo. É assim também com as famílias, mães e bebês na amamentação. No momento atual, precisamos de apoio para recuperar a “naturalidade” de mamar.
Entre os dias 13 e 19 de setembro de 2004 aconteceu a Semana Mundial da Amamentação no Brasil. As Amigas do Peito comemoraram 24 anos de existência promovendo e apoiando a amamentação. Por meio de nossas atividades, buscamos, principalmente: 1) Apoiar as pessoas que desejam amamentar e promover a amamentação exclusiva até os 6 meses de vida da criança e prolongada até os 2 anos de vida ou mais; 2) Considerar a amamentação como uma cultura mamífera que deve ser construída socialmente; 3) Abordar a amamentação como uma questão feminista, um direito da mulher, mas também um tema do pai, de toda a família e da sociedade em geral; 4) Promover a amamentação por meio de grupos de ajuda mútua entre mães e entre mães, famílias e profissionais, abordando a experiência de amamentar; 5) Promover a amamentação de forma lúdica e bem-humorada junto às crianças da próxima geração.
15 \15e junho, 2008 às 19:16
eu acho muito legal as mulheres fazerem isso ni mercado de trabalho
hoje em dia por que elas sao muito mais intelijente do que nos homens
nois qui somos bobos de nao ver oque vcs sao capazes de fazer
vcs sao muito importante para nos.