Olá,
Uma amiga me indicou seu site e esto precisando de conselhos e dicas.
Meu filho tem 1 ano e meio, sempre foi amamentando, e nunca precisei dar complemento por ter uma boa produção. Ele sempre esteve com peso e altura acima da media, inclusive agora aparenta ter mais de 2 aninhos.
A questão é que ele adora mamar, esta viciado eu acho, porque mesmo depois de comer bem as refeições, inclusive uma fruta como sobremesa, ele é capaz de ficar 40 minutos ou mais mamando, por dia ele chega a mamar umas 15 vezes ou mais.
Não consigo colocar limites, pior agora que o pai dele está fora, estamos somente os dois em casa, e sinto que ele sente muita saudade do pai companheiro, e com isso quer mamar mais. Sinto que meus mamilos estão rachando como quando ele era recém-nascido, e eu a muito custo e dor, insisti e consegui amamentá-lo exclusivamente até o 6º mês.
Se me nego ele começa a fazer chantagem, chorando, berrando, me bate, puxa meus cabelos, morde. Fica muito nervoso, e age como se estivesse louquinho, o que me assusta.
Por favor, gostaria de receber conselhos, dicas, ou simplesmente uma palavra amiga, porque não estou suportando. Esse problema está afetando minha relação com ele, porque amamentar para mim tem sido uma tortura, que me sufoca. E sendo assim, não consigo demonstrar todo o amor que tenho por ele, não consigo conversar, brincar com ele. Nas poucas vezes que brincamos ele vê meu seio, pára e quer mamar na hora.
Um abraço e desde já, muito obrigada.
R.
Querida R.,
Fique tranquila: tudo vai melhorar! Você deve estar passando por um estresse muito grande… Todas nós já tivemos uma fase assim de impasse com os nossos filhos. O meu, por exemplo, não queria tomar sopas de jeito nenhum! Um belo dia, tomou. Hoje eu até consigo achar graça do meu desespero na época.
Não existem fórmulas mágicas quando se trata de relacionamentos… Temos que seguir nossa intuição e tentar fazer o melhor pensando não apenas numa das pessoas envolvidas, mas em toda a família. Esse é um princípio que aprendi nas Amigas do Peito: não existe criança feliz se a mãe e a família também não estão felizes. Ao mesmo tempo, nada se resolve bem se as decisões são abruptas e forçadas.
Pelo que você escreveu, sua intuição já está dizendo que é preciso pôr limites. Posso te garantir que não é a amamentação a culpada disso. Pela vida afora, vamos aprendendo que não existe educação sem limites. Aliás, não existe relação humana sem limites. Mesmo entre maridos e mulheres é preciso estabelecer acordos, concessões etc. Com os filhos é a mesma coisa.
E de que forma a gente ensina os limites? Não é gritando, impondo castigos. A gente ensina dando o exemplo! Quando os filhos percebem que nós temos os nossos limites e os respeitamos, eles aprendem a importância da auto-estima. Assim, se eles nos agridem e nós dizemos firmemente “não, não pode fazer isso porque machuca e incomoda a mamãe”, estamos na verdade dando uma lição de auto-estima para a vida toda. Um dia, anos mais tarde, quando alguém for agredi-los, eles próprios saberão dizer: “não faça isso comigo; eu não estou gostando”. É essa percepção, de que estamos educando e não punindo, que nos ajuda a aguentar os ataques — ataques aliás que passarão logo que ele perceber que você não fica com medo ou nervosa por isso. Com certeza ele vai se sentir mais seguro sabendo da sua segurança. Depois de algumas tentativas, ele vai perceber sua firmeza e serenar.
A mãe que se “sacrifica”, “faz tudo pelo filho”, na verdade está ensinando uma péssima lição: de que para o filho ser feliz ela precisa ser infeliz. Isso leva a um exemplo de baixa auto-estima para ambos e a cobranças que podem se arrastar vida afora.
Com um ano e meio, a amamentação deve ser um complemento da alimentação normal, que pode seguir o ritmo da panela da família. Por isso, se eu estivesse no seu lugar, começaria pela conversa. Conversar muito, conversar sempre, com voz tranquila e tentando passar os seus sentimentos. Sem ressentimentos. Dizendo algo do tipo: olha, até hoje, a gente estava fazendo desse jeito, mas para mim não está sendo bom. E acho que para você também não, pois você não está brincando nem se divertindo com coisas de crianças. De hoje em diante, vamos tentar mudar isso? Vamos inventar outras coisas? A mamãe adora você e por isso mesmo quer que você fique bem etc. etc.
É assim, conversando e impondo limites (baseados no amor e na auto-estima e não na punição e raiva) que a gente muda os relacionamentos. Mesmo que seu filho chore um pouco, ou até faça escândalos (como eles fazem, né!), seja firme, lembrando que você está fazendo o melhor para toda a família, inclusive para o seu marido, que talvez esteja se sentindo um pouco “excluído”. Tente ir estabelecendo metas por semanas, até o desmame completo ou a uma amamentação que seja prazerosa realmente para os dois.
Ah, uma dica: procure demonstrar a firmeza da sua decisão nos mínimos detalhes, até na escolha das roupas: prefira as blusas bem fechadas, sem decotes. Procure abraçá-lo sem levar o rostinho dele para a região dos seios por exemplo. Passeios e outras atividades também ajudam a distrair ambos!
Qualquer dúvida, escreva para a gente.
Um grande abraço,
Karina
Amigas do Peito
Tags: AMAMENTAÇÃO PROLONGADA